Tuesday, February 13, 2007
Respondi-lhe em Dó(s).





Na noite passada perdi-me em baladas tristes. Fados d'outras vidas, canções que abrem feridas, gastas, rudes cantigas. Fiz acordes menores de diminutas alegrias, senti o cru das pautas vazias, e o choro das cordas gemendo, frias.



Perdi a rima, de vez. Deixei-a morta por um ou dois dias...
Quando me pediste música, eu fui audaz em escolhas e complexa em críticas. E era só música.
As curvas dessa guitarra são outras ancas que não as minhas.
Pára! Olha para mim. Ouve-me.
Eu gritava histérica e tu acompanhavas em allegros giros.
Escalas de si sem sol... Compassos longos de espera, e eu, nua. Fera. Enquanto decidias as composições, as melodias. Como doi. Como sofrias. Cantamos em canones estranhos, eu em meus delírios poetas raivosos, tu em leves malhas. Não obrigatoriamente por essa ordem.
Apalpas a vénus de madeira, calcas-lhe os trastos com a ponta dos dedos. Eu e os meus medos, dizias.
Esgotei-me em peças patéticas sem poesia. Sol bemol, fá sustenido. Deitei-me nos teus pés.



Ele. Toda a tua vida afinada por um diapasão de mágoa. Agora que aqui estás, pequena, dança. Se sou cigano, se tenho as unhas grandes na viola. Dança, morena. Tu e esses medos. Repetiu. Canta comigo. Vá! Vive a 2, a 3 a 4 tempos! Tens com que preencher quatrenários de vitórias. Cá estarei, um brinde a nossas glórias... Sabes que não te ignoro? Ouvi-te. Irritaste-me de colcheias secas, metralhadas. Soltou uma ou duas gargalhadas... Cotinuou. Acho que tua única falha foi, entrada em Anacruza. Nasceste num contra-tempo definido, mas não por ti. Mas que interessam análises, agora, índia?



Semibreve Silêncio.



Dou-te Sol.
Chorei descompassadamente.
Desculpa, pois se só me quebro em Dó(s)...



Esa wrote on 4:34 PM.