Tuesday, February 27, 2007
Xeque-Mate Teatral.



A voz da rádio, pronúncia Lisboa, às quatro da madrugada
E tu boa res, estendida num carro medonho... Morrias!
Com calma, escolhias... Gestos e caras...
Perante tal amarga indiferença, era tal a ofensa, tu ficavas danada

As tuas deixas, outrora tão certas, votadas ao fracasso
Frases dúbias, inacabadas , verdades submersas
Xeque-mate! Rainha ataca em c'roa, mas falha o paço
Sai lá! Já não és boa... não entro nas tuas peças!


Já te vi em actos grandes
Façanhas complicadas!
Mas agora, bem vês, que é difícil, talvez...a Glória.
Entrega a mão à palmatória...
Ele é Rei, Rei..
Se é figura de proa, se sustenta a c'roa, então
Não cuides, nessa ingénua certeza, que possa agora ser Peão!



Tu vais, em esquemas complexos, olhares indiscretos, vá lá
Arriscas, decote e pintura, charme e doçura, vício de ser quem não és
Depois, a mulher fatal, arrebate carnal, esforço mortal, mas não dá
O anjo, perdeu as asas, caras desgraças... Farsa da cabeça aos pés!

As cinco horas, batem cedo, mais uma hipótese falhada
O carro aperta, troca dos planos, daquela dama frustrada
Vai embora, escapa ileso, mais uma ferida que mata
Olhos-água, semblante indefeso, congela-te o sangue de gata

Pois é!

Já te vi em actos grandes
Façanhas complicadas!
Mas agora, bem vês, que é difícil, talvez...a Glória.
Entrega a mão à palmatória...
Ele é Rei, Rei..
Se é figura de proa, se sustenta a c'roa, então
Não cuides, nessa ingénua certeza, que possa agora ser Peão!

Já leste, manuais de agrado, guias d'amor, sedução
Fizeste, valetes e jokers, ficarem para trás
Isso não se faz!
Mala suerte
Mas agora virou-se o feitiço, a canção..
Aposto em alta, não tenho o feeling, que lhe chegues ao coração

Pois bem! Enfim...

Já te vi em actos grandes
Façanhas complicadas!
Mas agora, bem vês, que é difícil, talvez...a Glória.
Entrega a mão à palmatória...
Ele é Rei, Rei..
Se é figura de proa, se sustenta a c'roa, então
Não cuides, nessa ingénua certeza, que possa agora ser Peão!


Esa wrote on 2:35 PM.
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Tuesday, February 13, 2007
Respondi-lhe em Dó(s).





Na noite passada perdi-me em baladas tristes. Fados d'outras vidas, canções que abrem feridas, gastas, rudes cantigas. Fiz acordes menores de diminutas alegrias, senti o cru das pautas vazias, e o choro das cordas gemendo, frias.



Perdi a rima, de vez. Deixei-a morta por um ou dois dias...
Quando me pediste música, eu fui audaz em escolhas e complexa em críticas. E era só música.
As curvas dessa guitarra são outras ancas que não as minhas.
Pára! Olha para mim. Ouve-me.
Eu gritava histérica e tu acompanhavas em allegros giros.
Escalas de si sem sol... Compassos longos de espera, e eu, nua. Fera. Enquanto decidias as composições, as melodias. Como doi. Como sofrias. Cantamos em canones estranhos, eu em meus delírios poetas raivosos, tu em leves malhas. Não obrigatoriamente por essa ordem.
Apalpas a vénus de madeira, calcas-lhe os trastos com a ponta dos dedos. Eu e os meus medos, dizias.
Esgotei-me em peças patéticas sem poesia. Sol bemol, fá sustenido. Deitei-me nos teus pés.



Ele. Toda a tua vida afinada por um diapasão de mágoa. Agora que aqui estás, pequena, dança. Se sou cigano, se tenho as unhas grandes na viola. Dança, morena. Tu e esses medos. Repetiu. Canta comigo. Vá! Vive a 2, a 3 a 4 tempos! Tens com que preencher quatrenários de vitórias. Cá estarei, um brinde a nossas glórias... Sabes que não te ignoro? Ouvi-te. Irritaste-me de colcheias secas, metralhadas. Soltou uma ou duas gargalhadas... Cotinuou. Acho que tua única falha foi, entrada em Anacruza. Nasceste num contra-tempo definido, mas não por ti. Mas que interessam análises, agora, índia?



Semibreve Silêncio.



Dou-te Sol.
Chorei descompassadamente.
Desculpa, pois se só me quebro em Dó(s)...



Esa wrote on 4:34 PM.
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