Monday, October 27, 2008
Red lips are awesome.

Everybody called me "Baby"
It didn't occur to me to mind
Everytime I think of it lately
It feels like it's been a long time

I used to be a real "Rockette"
Great skin, long legs, hard to find
Between ma'lips a (goddamned) cigarette
Wow, (definitely/yeah I was) one of a kind!

Bend your knees, honey
Now roll this way (-ay-ay),
Even if you'r old and miserable
Rock on and stay (-ay-ay)(C'mon!)
You gotta', you gotta'
Bend your knees, honey
And roll this way(-ay-ay),
Even if you'r old and /useless
Rock on and stay(-ay-ay)(C'mon!)

Keep tha' smile and hide it all inside.

"Baby, she was such a knockout!"
They say it loud behind my back
I just wish i had a silver quarter
To change the Jukebox sad, sad track!

Bend your knees, honey
Now roll this way(-ay-ay),
Even if you'r old and miserable
Rock on and stay(-ay-ay)(C'mon!)
You gotta', you gotta'
Bend your knees, Babyyyy!
And roll this way(-ay-ay),
Even if you'r old and /useless
Rock on and stay(-ay-ay)(C'mon!)

You keep the show going and your sorrow groing.

Maybe you'd think I'm kind'a crazy
'Cause I intend to get back
But I'm just too old, sick and lazy
I know this for a fact

Red lips are as awesome as everybody think they are!


There will be no sweat
'Cause I can't dance anymore
I'd better stick to my cigarette...



Esa wrote on 6:50 PM.
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Sunday, October 05, 2008
jobim e moraes Sabem.


Fotografia: sentada no parapeito da janela. Já passou uma hora desde que dissemos Adeus outra vez. O Sol foge apressado atrás do do meu eucalipto, não sabe o que deve dizer-me... Ele não gosta que eu chore. Prefere deixar a tarefa à Lua, essa sádica guardadora de súplicas. Lá em baixo, a família dela prepara-se para ver o teu Sporting, ou será antes o Porto deles...? Ela está feia. Desgrenhada, sangue nos olhos, cara com marca d'água-mágoa. Se eu não tivesse ido embora... E se ela não tivesse ido embora?


Eu Sei que vou te amar

- Não sei bem porquê, pensei em ti toda a semana.
- Eu Sei.
- Sabes como? Desculpa isto está a ser tão absurdo, vi as tuas fotos no hi5 vezes sem conta.
- A sério? Isso é estranho.
- Eu Sei. És muito bonita.
- Eu Sei.
- Sabes tudo, não?
- Sei Tudo.

Por toda a minha vida eu vou te amar

- "Tenho todo o tempo do mundo para ti".
- Não é preciso esperares por mim.
- Não é preciso ou não queres?
- Não é isso...
- Então queres que espere por ti?
- Não.., não quero responder a essa pergunta.
- Não vejo a minha vida sem ti.

Em cada despedida eu vou te amar

- Posso só fazer uma pergunta? Porque é que te despedes sempre assim...?
- Porque sou estúpido(a).
- Porque nunca Sei quando me vou despedir outra vez.

Desesperadamente, Eu Sei que vou te amar

- Volta pa' mim.
- Dá-me tempo.
- Não posso, Conheces-me.
- Eu ligo-te, um dia. Prometo.
- Não prometas. Doi tanto, tanto, tanto...
- Eu Sei.


E cada verso meu será

- Parece que tens tudo estudado. És uma vaca!
- Que horror, obrigada!
- Não é isso, é demasiado perfeito, o teu beijo, o teu cheiro, Tudo.
- Eu crio situações.
- És a menina mais bonita da sala, estou tão orgulhoso.

Prá te dizer que eu Sei que vou te amar
Por toda a minha vida

- Eu, eu... Vou-te bater! Tenho de te bater.
- Bate.
- Vou espancar-te.
- Não eras capaz.
- És demasiado inteligente.
- Ao menos espiavas os meus pecados, podia ser que me amasses de novo.
- Esse teu beijo... Tinha tantas saudades...
- Então não vás.
- Tu não és uma memória!

Eu Sei que vou chorar

- Choro sempre que te vais embora. Nem que sejam cinco minutos!
- Oh pequena, vais preocupar-te sempre assim comigo?
- Vou.
- Até que ponto? Ao ponto de superares uma traição?
- Sim.
- Eu quero que cresças, quero que vivas a tua vida, tens tanto para viver, tantos rapazes para conhecer.
- Ganha tomates.
- E se ela te for ganhando?
- Eu morro e depois choro muito.

A cada ausência tua eu vou chorar

- Fica só mais um bocadinho.
- Não posso, tenho aulas amanhã, sabes bem.
- Dorme cá.
- Não, não dá.
- Então e amanhã?
- Não Sei, amanhã vemos...
- Ligas-me?
- Sim.
- Disseste o mesmo em Maio e não te lembraste do meu aniversário.
- Também não te lembraste do meu.
- Lembrei, és virgem.
- Porquê que te foste embora?
- Porque sou estúpida(o).
- Era um milagre e eu não estava bem para o receber.
- Estás a fugir outra vez.

Mas cada volta tua há de apagar

- Fui feliz meio dia.
- Foi uma luzinha que eu vi.
- Este Verão foi uma merda e ninguém quer saber de mim.
- É impossível. Alguém que tenha estado perto de ti não consegue largar-te.
- Ainda bem que voltaste. Estive quase para desistir.
- Não digas isso. Eu vou sempre ver-te.
- Vais embora?
- Eu volto, vou só ao w.c..
- Vou contigo.
- Tens medo.
- Finalmente! Sim, tenho imenso.
- Então não me deixes ir...

O que esta ausência tua me causou

- Há sete meses que não durmo em condições.
- Desculpa.
- Tinhas prometido que ligavas.
- Eu resolvi-me para ti.
- Agora sou eu. Preciso de resolver umas coisas em mim.
- Eu resolvo-te.
- Era o que eu mais queria!
- Para a próxima não demores tanto. Quase morri.
- Pelo menos cresci.
- Cresceste? Que idade tens, 21? Não me lembro bem.
- Tenho 28 é muita idade, tenho pressa.
- Pressa tenho eu. E se sabes que vais ficar comigo porquê esperar?
- Estás a perder tempo então.
- Ires embora deixou-me desfeita(o)!

Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver

- Oh, assim não quero viver mais!
- Disparate, não sejas 'mimenta'.
- É verdade, não quero! Não vês que é isto que tem sido!
- Vais viver triste, assim. Volta.
- Não posso.
- Vês como vou morrer cedo?
- Acho que estás deprimida(o). Tens de encontrar a razão dessa tristeza toda...
- Eu não sou triste. Só não te quero longe.
- Estás a ser egoísta.
- Eu Sei(ou).

A espera de viver ao lado teu

- Quero construir aqui a minha casa.
- É o teu sítio.
- É...
- Tenho vindo cá, às vezes a pé.
- Mentira! Nem sabias o caminho...
- Perdi-me nas estradas da tua aldeola...
- É grande. Podemos ter um baloiço?
- Sim. Abraça-me, vamos dançar no alpendre!
- "E se o amor bate as asas e voa sobre nós, Eu vou ser Feliz, Hoje, Amanhã e Depois, Aqui tão perto de ti".
- Queres vir morar comigo aqui?
- Não sei, não tem mar.
- Ok...
- Dois-me tanto.
- Perdoa-me, foi mesmo uma parvoíce o que eu disse.
- Queres casar comigo para sempre?
- Sabes lá o que dizes. Tu nem três meses aguentas.
- Três meses não, só caso se for para sempre!
- Não me vejo a casar.
- Pronto vivemos aqui, não me importa que não tenha mar desde que tenha árvores e que sejas sempre bonito(a).


Por toda a minha vida

Eu Sei.



Fotografia: A avaliar pelo alarido, o teu Sporting está a perder para o Porto deles. O jantar foi curiosamente animado. O rapaz vai casar dia 12 de Setembro, a mãe animadíssima. Preparativos, é preciso, é urgente. Risadas. Eu e o meu comentário irónico. Habilitei-me à resposta: "Tens é inveja. Deixa lá, um dia se me aparecer aqui um energúmeno estúpido a pedir a tua mão eu digo-lhe: tem a certeza?". Um dia se lhe aparecer alguém, eu Sei que essa Pessoa Sui Generis lhe vai responder que sim, que tem a certeza! "Eu Sei." Assim como eu Sei.


Esa wrote on 1:01 PM.
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Tuesday, September 30, 2008
1 Senão.

Não é defeito, é feitio
Não é maldade, é paixão
Este meu estilo frio
De discutir com coração

Sim, sei das contas
Não me chegam os dedos da mão
Das mil e uma afrontas
Quando fui dona da razão

Então... Senão...



Se não me lembro
Se não te chego
Se não te ouço
Se não sossego

Se não tenho sentido
Como uma vela sem pavio
Não é defeito, é feitio!



Não é defeito, é feitio
Não é desculpa, é loucura
Esta minha doença
Que ainda não sabe de cura

Sim, sei das coisas
Fiz cenas do arco da velha
E perdi toda a virtude
Disse o que me deu na telha

Então... Senão...



Se não me lembro
Se não te chego
Se não te ouço
Se não sossego

Se não faço sentido
Como um peão sem fio
Não é defeito, é feitio!




Esa wrote on 5:49 PM.
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Wednesday, December 12, 2007
Suicídio Involuntário.


Fotografia: aflito quadro. A besta esconde-se na sala. Barriga para cima, costas na tijuleira fria, olhos somando as brechas do tecto. As costelas aparecem-lhe intermitentementes pelo manifesto ritmo de vida que cessa. Feliz na sua agonia, a besta espeta o indicador na ferida pastosa e, curiosa, contempla. O sangue não estancava, para seu gáudio e delícia. As lágrimas pingavam mudas, mas ouviam-se já os violinos e a orquestra maior.

' Meu amor,
e não teu, que sei bem o que vai contigo. Lamentavelmente morri. Eu bem sei do teu grau de cumplicidade neste crime. Tu começaste, eu só fiz o trabalho sujo. Aliás imagino em que estado ficaria a tua roupa e o teu espírito se tivesses de o fazer. Agora sabes como me preocupo com o teu aspecto.
És mesmo estúpido nesse teu dandismo de poeta farsante. Desculpa lá o insulto, mas não te perdoo as dores que tive, tu sabes que sou desajeitada e, ainda assim, deixaste-me a sós com a tarefa. Eu ainda pensei em ligar-te, pedir-te para me ajudares, para me dizeres umas frasesinhas de incentivo, daquelas que te dão tanto gozo. Acabei por abandonar a ideia quando lembrei que hoje há happy hour no Sears.
Agora que estou morta, não devo mesmo estar bonita. Aposto que amanhã vais vestir olheira-remorço acompanhado da jaqueta preta e do lenço cinza, não vais estar assim tão bonito. És muito previsível, tu. De tal forma maquiavélico que antes mesmo de não me amares já tinhas criado o alibi perfeito para a fatalidade.
Oh meu amor... Quanto mais terno o beijo, mais frio o teu coração e mais eu te amava. Quanto mais apaixonado o toque, mais amargo teu corpo e mais eu te amava. Mas tanto altruísmo amoroso é lenda. Eu já estava a morrer quando tu decidiste, em desespero de ti próprio, aliviar-nos aos dois. E talvez por isso mereças algum reconhecimento maior dos anjos. Talvez por isso, sejas o apogeu da santidade demoníaca, e mais eu te amava. Assim em acto de sinceridade, tentei prescrever-te um genérico deficiente. Tu curavas com amor, dizias, eu receitei-te o meu. Como vês, a ordem universal não se comoveu com o meu esforço interesseiro de te curar. A entropia continua a fazer das suas, a malandra.
Agora que cá não estou, desconfio que o teu egotismo narcísico vai perder um tanto ao quanto a luz. Eu polia-o bem com todos os cuidados, nisso acho difícil substituires-me. Em tudo o resto te arranjarás. Estou a ser malvada, tu também tinhas os teus ouros. Às vezes elogiavas-me, outras vezes não. Eras cordeal e bem educado. Traste. Amo-te. Estou morta, já posso palrar livre. E já viste o que é engraçado, tu também me morreste agora. Assim como tudo e todos. Está tudo morto. Pela primeira vez, não és diferente em nada, não destacas. Isso deve baralhar-te.
Agora, meu tesouro, sem raivas ou ironias, me mostro nua. O amor é isto e nada mais ou é aquilo e tudo demais. Agora de alguma forma viverei em ti, a chama apagada das velas o sumo da fruta fresca, aroma das flores com que apraltava a sala de jantar. Amei-te tanto que quase me doi meu corpo e alma mortos, na sua impossibilidade sensível. Amo-te ainda, no meio da terra castanha, do silêncio e da solidão.
Lírios.'

Fotografia: a besta semicerrava as ópticas com intervalos irregulares e curtos, involuntariamente. O facto é que o instante fascinava pela indefinição temporal. Cansada de abusar, sentiu-se preenchida e assassinou o instante na sua beleza para se deixar ir. Black-out megalómano. O mundo morreu. Grande assassina.
Iludida.

Ninguém morre de amor, grande besta.


Esa wrote on 9:22 PM.
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Saturday, December 01, 2007
PortusCalle| Dor Vintage (part 1)


Fic'áqui ao pé de mim, conta-me as coisas da gente. Faz teus sumários, enfim, oh nacional confidente. Mostr'Amália e Paredes como prova dormente. D'um sentimento de culpa abafado e latente. Mostra teu bravo povo que vive doente. Na evidência d'um Pai ausente, e que, mesmo assim abandonado, na morte s'espera crente.


Oh mãe vem cá ver
Que fizeram de mim
Já não sou eu quem canta
Meu fado chegou ao fim



Oh mãe de nós todos
Cessa a canção enfim
Já me esqueci do teu Deus
Teu Deus não se lembrou de mim



Eu sou quem sofre ao revés
Sou jovem d'alma pesada
Já quase doem os pés
Severa qu'espero a jornada


Oh mortos da tua terra, da cristandade alheios, ouvisseis vós meu choro, minh'alma de papel engelhado, ficaveis com este restolho, aliviaveis meu fardo. Conta-me dessa gente estranha, do xaile da tua mãe, que me doi a entranha, o peso de ser alguém.
Fala-me da tua terra, mas sem novos ideais, qu'a essência nunca muda, as chagas são imortais. Diz-me lá desse velório, declara morta a tradição, afirma esse pecado sem renascimento ou ressurreição. Assassinos ou salvadores?


Esa wrote on 11:11 AM.
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Tuesday, November 27, 2007
Ela cora, a Menina-Mulher


Menina, faz de novo essa magia. Pinta olho, esconde rosto, pinta os lábios com gosto. Passa horas nessa utopia. Menina, faça o que fizer, não desafie a ordem, não queira em anos ser mulher. Deixe-me dizer-lhe, Menina, que é de meu agrado vê-la dançar. Pé descalço no embalo, e para meu regalo, sabe bem como cantar.

Fotografia: O vestido branco manchado da relva, grávido ao vento. Os saltos vermelhos estavam já escangalhados a um canto. Estavas longe e berravas qualquer coisa que eu não ouvia como quem chama, mas sem doce. O cabelo aflito em rajadas, segurava-lo com as mãos, mas sem sucesso. És linda, pronto, eu confesso. Estou confuso, acabei d'acordar homem em mim e a noite foi longa e escura. E vens tu. Essas tuas mariquices inocentes, incovenientes ao meu saber social. Custou-me crescer, sabes? Balança, balancé da minha confusão... Esse baloiço em que te empoleiraste pode ser afinal a salvação.

Menina, que é menina cora e não pragueja. Você dobra o contrário e ainda boceja. O que irrita, desculpe a impertinência, é quando se comporta tanto que é quase um pranto arrancar-lhe emoção. Explique-me essa incoerência. Se senhora ou menina, a verdade do coração.

Fotografia: O "fato preto dos casamentos", eu insisti. Tu não fazes questão. Já te arranquei a gravata e desbravei a camisa branca. Perdemos um botão que eu procurei debaixo do teu olhar reprovador. Upa, cá está. Coso-o logo quando chegarmos. Tens o cabelo colado da chuva fraca da madrugada. Oh, deixei-te sentado no banco, estou farta de ter medo. Não consinto, não digas que é cedo. Eu sou a rainha do baloiço, berro. Tu não consegues ouvir, está muito vento. Levantas-te e caminhas, casaco pendurado ao ombro esquerdo com a ajuda da mão, camisa branca desfraldada, cigarro conformado na direita. Eu subi para o baloiço, fiz a minha habilidade. Eu sabia que te rias, sabia mesmo, de verdade... Tenho vontade de ser tudo. Tanto a menina faz de si que em mulher se esgota. Só por causa desta paixão, precoce nome, que nasce torta.

Nem tudo o que é parece, Homem-rapaz. Ela cora e não se vê, pateta. É morena e não audaz. Confia nisso, confia nela que tudo à volta se compraz. A mulher que conquista, que ela usa em sedução tem jeito de menina, quando gagueja a canção. Mas não te apoquentes com a timidez, desta pequena endiabrada. Sou pássaro de dono, só passeio quando há nortada... E confessar-me confiante em nós? E dizer-te que sei bem o que escondes no embaraço de um dia teres falado demais?
A Menina é mais mulher à tua beira, agora. Apesar da cadência da idade te preocupar. Façamos um acordo sórdido. Se queres algo que possas confiar... Dou-te o meu espelho. Prometo grave, sobre o joelho:

Num volte-face, quando eu puder, viro Menina-Mulher.


Esa wrote on 9:21 PM.
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Saturday, March 24, 2007
Fado D'ouro

Fado D'ouro

Tenho em mim o calo e o vagar da dura'idade
Mas pesa o dobro dos anos (meus), a dureza da Saudade.
Tenho cartas d'amor escritas, gastas e velhas,
Perdidas p'la Cidade,em ruas, becos e quelhas.

Tenho na esquina da sala a guitarra portuguesa,
Afilhada de Coimbra, mas com tanta igual nobreza.
Por ter honra, sentimento, dor de mágoa abençoada
E choro como um homem chora quando a alma lh'é arrancada

Quando a primeira guitarra invicta chorou
Inesperado Tesouro
A lágrima que, enfim, tão nobre brotou
Foi lágrima D'ouro

Tenho a capa morta, mais negra que toda'a tristeza
Já perdi os ideais, Já não lhes sei da beleza
Das noites na Cordoaria sobra, eterna, a memória
Capas negras, orgulhosas, ante a vertigem da glória

E os tolos que desconfiam da evidência da Saudade
Perguntem a águas e pedras, ao orfeão dessa Cidade,
Quantas vezes pesou na capa, d'alguém que ao partir
Chorou o rio inteiro, com medo de não conseguir

Quando a primeira guitarra invicta chorou
Inesperado Tesouro
A lágrima que, enfim, tão nobre brotou
Foi lágrima D'ouro

Famosos amores d'estudante, corações ao vento
O olhar da moça, seu beijo, era quem dava o'alento
Deixei lá todo um romance, heroi que acabou morto
Mas não há amor maior, qu'a amor que assola o Porto

Quando a primeira guitarra invicta chorou
Inesperado Tesouro
A lágrima que, enfim, tão nobre brotou
Foi lágrima D'ouro


Esa wrote on 10:18 AM.
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Tuesday, March 06, 2007
Bem|vindo (Hellcome).


Ela sai de casa, apressada, o dia ja vai tarde
Sente o sol na fronha, anestesia, viva p'la metade
Ressaca danada, noite mal passada, endiabrada
Tu nem dizes nada, salto alto, a saia mesmo ousada
Passo soberano, marcado e revisto
Atitude negativa, forçado, sinistro
Eu dou meia volta, traço nova rota, quando a vejo lá
Entro no café, destroco mera nota, exclamo: "Então por cá?!"
Ela, insegura, nervosa em resposta, tenta sorrir, estilo, a regra imposta
Saio abalado, dou de frosques, acelerado
Conservo na memória a marca, decote abusado
Saio triste, confuso, desorientado
Tens toda a arte, o dom, deixas-me baralhado
Ela já não crê na fantasia, no real romance, naquela paixão
E não vê que'a utopia, tem fatal alcance, chega ao coração
Eu meto o drama, sou actor sentido, em desespero
Aumento a trama, artista vencido, pobre deste meu enredo
E é p'ra recordar, d'aquele dia, palavras sábias do puto, enquanto eu gemia
De dor, d'amor, quem sabe de histeria:
"Bem-vindo ao clube dos poetas mortos sem alegria.
Ela ja nao volta, se quiseres saber, já não ha canção.
É deixa-la solta, Tens de te conter, guarda a tensão.
Ela em jeito final, de quem se vai embora:
'Não te quero mal, sou eu quem vai, vou sair agora.
Gosto de ti, não duvides, é a verdade mais grosseira,
Mas não há clique, nem flash, não há paixão verdadeira.
Gostava tanto, era tanto, de me apaixonar
Tu és perfeito, para mim, mas não posso forçar.'
Eu sei que sim, por lá todos passamos, sinto pena
Tu vês, emfim, as limitações da paixão terrena.
Hellcome, sê bem-vindo, bem-vindo...
Hellcome.."

LOL


Esa wrote on 9:14 AM.
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Sunday, March 04, 2007
5|MarçO.




Just playin' Old me.







Esa wrote on 5:15 PM.
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Tuesday, February 27, 2007
Xeque-Mate Teatral.



A voz da rádio, pronúncia Lisboa, às quatro da madrugada
E tu boa res, estendida num carro medonho... Morrias!
Com calma, escolhias... Gestos e caras...
Perante tal amarga indiferença, era tal a ofensa, tu ficavas danada

As tuas deixas, outrora tão certas, votadas ao fracasso
Frases dúbias, inacabadas , verdades submersas
Xeque-mate! Rainha ataca em c'roa, mas falha o paço
Sai lá! Já não és boa... não entro nas tuas peças!


Já te vi em actos grandes
Façanhas complicadas!
Mas agora, bem vês, que é difícil, talvez...a Glória.
Entrega a mão à palmatória...
Ele é Rei, Rei..
Se é figura de proa, se sustenta a c'roa, então
Não cuides, nessa ingénua certeza, que possa agora ser Peão!



Tu vais, em esquemas complexos, olhares indiscretos, vá lá
Arriscas, decote e pintura, charme e doçura, vício de ser quem não és
Depois, a mulher fatal, arrebate carnal, esforço mortal, mas não dá
O anjo, perdeu as asas, caras desgraças... Farsa da cabeça aos pés!

As cinco horas, batem cedo, mais uma hipótese falhada
O carro aperta, troca dos planos, daquela dama frustrada
Vai embora, escapa ileso, mais uma ferida que mata
Olhos-água, semblante indefeso, congela-te o sangue de gata

Pois é!

Já te vi em actos grandes
Façanhas complicadas!
Mas agora, bem vês, que é difícil, talvez...a Glória.
Entrega a mão à palmatória...
Ele é Rei, Rei..
Se é figura de proa, se sustenta a c'roa, então
Não cuides, nessa ingénua certeza, que possa agora ser Peão!

Já leste, manuais de agrado, guias d'amor, sedução
Fizeste, valetes e jokers, ficarem para trás
Isso não se faz!
Mala suerte
Mas agora virou-se o feitiço, a canção..
Aposto em alta, não tenho o feeling, que lhe chegues ao coração

Pois bem! Enfim...

Já te vi em actos grandes
Façanhas complicadas!
Mas agora, bem vês, que é difícil, talvez...a Glória.
Entrega a mão à palmatória...
Ele é Rei, Rei..
Se é figura de proa, se sustenta a c'roa, então
Não cuides, nessa ingénua certeza, que possa agora ser Peão!


Esa wrote on 2:35 PM.
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Tuesday, February 13, 2007
Respondi-lhe em Dó(s).





Na noite passada perdi-me em baladas tristes. Fados d'outras vidas, canções que abrem feridas, gastas, rudes cantigas. Fiz acordes menores de diminutas alegrias, senti o cru das pautas vazias, e o choro das cordas gemendo, frias.



Perdi a rima, de vez. Deixei-a morta por um ou dois dias...
Quando me pediste música, eu fui audaz em escolhas e complexa em críticas. E era só música.
As curvas dessa guitarra são outras ancas que não as minhas.
Pára! Olha para mim. Ouve-me.
Eu gritava histérica e tu acompanhavas em allegros giros.
Escalas de si sem sol... Compassos longos de espera, e eu, nua. Fera. Enquanto decidias as composições, as melodias. Como doi. Como sofrias. Cantamos em canones estranhos, eu em meus delírios poetas raivosos, tu em leves malhas. Não obrigatoriamente por essa ordem.
Apalpas a vénus de madeira, calcas-lhe os trastos com a ponta dos dedos. Eu e os meus medos, dizias.
Esgotei-me em peças patéticas sem poesia. Sol bemol, fá sustenido. Deitei-me nos teus pés.



Ele. Toda a tua vida afinada por um diapasão de mágoa. Agora que aqui estás, pequena, dança. Se sou cigano, se tenho as unhas grandes na viola. Dança, morena. Tu e esses medos. Repetiu. Canta comigo. Vá! Vive a 2, a 3 a 4 tempos! Tens com que preencher quatrenários de vitórias. Cá estarei, um brinde a nossas glórias... Sabes que não te ignoro? Ouvi-te. Irritaste-me de colcheias secas, metralhadas. Soltou uma ou duas gargalhadas... Cotinuou. Acho que tua única falha foi, entrada em Anacruza. Nasceste num contra-tempo definido, mas não por ti. Mas que interessam análises, agora, índia?



Semibreve Silêncio.



Dou-te Sol.
Chorei descompassadamente.
Desculpa, pois se só me quebro em Dó(s)...



Esa wrote on 4:34 PM.
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Tuesday, December 05, 2006
Outdoor.

De minha janela metropolitana, donde o mundo se abre para mim, vejo luzes tricolores e fumos de vários odores que sabem mal ao gosto quando respiro. Há uma cadência própria e infeliz nestes carros que passam, um ritmo exausto de fim de jornada. E tudo foi sempre assim.
Um dia destes, de bloco e caneta me armei, para domar suas esquinas, amansar suas avenidas irrequietas, dar-lhe mais cor e nitidez, com traço inteiro e certo de quem sabe o que falta. Presunção. Porém, mal de mim, justamente quando abro as cortinas fronteiriças, reparo, houve alguém que teve ideia igual. Houve alguém que teve a mesma ousadia minha, mas já a concretizara insolentemente.
Nos primeiros dois minutos, raiva ( Não fui eu quem descobriu o ornato perfeito, quem te criou.)! Depois apaixonei-me.
És musa colada em painel colado em betão colado à terra. Tens pele Photoshop e facetas de porcelana nos dentes. É provável que tenhas extensões, lentes, camadas de maquilhagem e silicone forçado. Linda.
És, definitivamente, tudo o que este homem sempre sonhou como perfeito. À perfeição não se examinam pormenores, seja pelo fascínio primeiro que arrebata e encanta qual feitiço (cega), seja pelo medo de perder a verdade da evidência que a tanto custo conquistámos. .
Tapaste a vista ao mundo e agora ele esquecesse-se de mim. Aqui, na minha janela, já não luz nem brilha a acrópole dos tempos modernos. Aqui já não lhe alcanço o torço, nem os membros, nem mesmo os calcanhares. Queres-me todo teu. Isolaste-me, e, contudo, quebras-te em silêncios que molestam.
Fotografia: Eu e tu em tentadores tête-à-têtes. Tu muda com lettrings luminosos que te trespassam o corpo a metade. Eu contagiado por teus discursos imaginados. Tenho o cabelo às ondas no luar e a minha t-shirt é fresca demais para o teu frio. Tenho pose de artista que vê obra d’outrém e que cobiça ter dessa arte no sangue.
Penso no teu nome todos os dias. Sorriste?


Esa wrote on 3:50 PM.
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Rua da Misericórdia.

A Rua da Misericórdia é o intestino grosso da Cidade. Muitas alminhas dizem em tempos ter sido coração, mas como prova sustentam-se em relatos de septuagenários, esquecidos e desidratados, que moram em caixotes T0 na Rua.
A Rua é grande e implacável. Parece ter vida própria quando nos despe, nos desnutre, nos rouba, nos maltrata, nos droga, nos arrefece, nos espanca…Tem uma entrada estreita que intimida quem ainda tem muito a perder. Tem largos portões para quem desistiu das veias e artérias coronárias, para quem não tem já nada a não ser o pulsar interior, e mesmo esse é já demasiado barulhento... Tem um átrio gigante e convidativo para quem é fraco e indiferente, para quem perdeu o sangue e tem antes fel a correr pelo corpo.
Ai, pudesse eu contar-vos d’a Rua, de sua anatomia e psique, mas é de tal modo densa e complexa que me perderia em suas vísceras ácidas e ensanguentadas. Tem lampiões consumidos de noite e paredes pintadas com vómitos bêbedos. Toda a sua pele é medo e nojo e merda.
Talvez s’eu percebesse seu sistema endócrino, s’eu entendesse sua infância, s’eu lhe tirasse das mais variadas radiografias e amostras de fluidos para análise… Diagnosticava. Que patologia se esconde em ti?
Aqueles, da Rua, não sei distinguir se são sintoma ou doença. Se são eles ou se são, antes e só, Ela.
É este vírus impiedoso que nos corrói, dizem, mas não procuram cura. O sedentarismo alucinante prende e apaixona quando não há mais nada para parasitar. Ócio triste. Já nem lágrimas há, dão muito trabalho. Sofrer é um luxo dos vivos!
Reproduz células doentes, metamorfoses de vida, e regenera-se em dor para a dobrar em morfinas e iguais. A Rua é um cancro em fases terminais, mas que jamais cessa. Não fala porque está constantemente nauseada, macerada, cansada.
Não perdoa, não sara, não tolera unguentos, nem bálsamos milagrosos, nem tratamentos. Ninguém a crê capaz de mudança.
Fotografia: na tabuleta pregada, ainda se consegue ler, sem que as cataratas dos anos apaguem as letras míopes. A Rua é da Misericórdia, mas a Rua não tem misericórdia de ninguém.


Esa wrote on 1:40 PM.
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Monday, December 04, 2006
A-Senhora-dos-Chás.

A-Senhora-dos-Chás vive na casa velha da rua da Praça. Tem uma trança enrolada e colada a cada alçado lateral da cabeça e lábios carmim e olhos lilás-anil, fala quem viu.
A casa d’A-Senhora-dos-Chás cheira a canela e a camomila, a tília e a tamarindo, a amêndoa e à’açúcar mascavado, a cidreira e alecrim, a menta, a hortelã, jasmim…
É frequente ver seu rosado vulto no mercado em hora vã, procurando suas compras na companhia da irmã…: Rosa, o gengibre, onde está?
Todos os dias, logo pela manhã, quando a estrela sobe, A-Senhora-dos-Chás corre a bonita cortina encarnada da janela da fachada. E toda a gente sabe que já está acordada. É assim.
As meninas novas, cachopitas desatadas, gaiatas barulhentas, sonhadoras, juntam-se muitas vezes no sopé da fonte nova. A desculpa é sempre a mesma, perfeita de essência, pois se são os próprios pais educadores que as mandam buscar água diariamente. E entre garrafões de água fresca, joga-se mais tempo que o devido, chega-se a casa mais tarde e de roupa ensopada. Chá de Sonhos – água e meia dúzia de garotas patetas. E Ana, do cimo da sua autoridade, do alto de seus 20 seculares anos, prega as teorias e as essenciais certezas, que, apesar de fugazes e transitórias, são aceites com gravidade e seriedade! Uma postura que não combina nada com o ridículo dos tópicos, e faz rir muito. Ana muito senhora, nunca é contradita. Faz monólogos imensos e vê as caras delas, algumas ainda com bata de colégio, com os narizes sujos das muitas horas sem mãe, outras mais desenvoltas em seus precoces impulsos adolescentes tentam copiar Ana em tudo, desejando ser em anos, mulher.
Todas as moças da vila (e de muitas vilas acima e abaixo desta) procuram A-Senhora-dos-chás quando a idade o diz, o pede. E a simpática e bochechuda velhinha, já meio torpe, de pés grossos de quem correu mundo de lés-a-lés, senta-se na mesma poltrona paciente e diz-lhes. Antes que o entusiasmo lhes saia boca fora ela levanta-se, com o tempo todo do mundo, e escolhe ervas e coisas, e faz um chá especial. E todas elas se deliciam enquanto a velha lhes dá profecias de seu casório, compromisso ou enamoramento. Ana tem os anos e a curiosidade.
Um dia destes, Ana falava ao seu clube de tontas como se presidente, como era já costume. Ensinava-as o jeito correcto de olhar os rapazes, de os seduzir. O grupinho dos 14 aos 18 estava como que em estado hipnótico. Dada a tertúlia como concluída, Ana regressou a casa pelo caminho que dava à rua da Praça. Chutava as pedrinhas do chão e trauteava musicas da moda, numa angústia frustrada de conferencista incompreendido. Ana, é facto, está num intermédio ingrato de menina-mulher sem ninguém que lhe dê o adubo d’alma que precisa.
Viu na esquina, sorrindo ao esplendor de fim-de-tarde, a casa velha que cheira a incensos e especiarias e a madeiras e chás.. Teve impulsos e ganas, mas não podia.

Fotografia: e ali estava Ana, de longos cabelos amarelos, de olhos de mel sensuais, de feições comuns, em trajes de trabalhos campestres, socos martirizados do mato, canelas picadas das silvas, a saia engelhada e a guedelha confusa … Especada à porta daquela casa, com antebraço e braço em arco quebrado, de punho cerrado como quem vai bater.

Hesita. Recusa. Vira costas à portinhola, mas nesse mesmo instante ela abre-se na sua retaguarda . Afinal era hora…


Esa wrote on 12:08 PM.
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Monday, November 06, 2006
Varanda.

O telefone chamou uma vez, duas vezes, gritou irritado, mas nada... Nunca entendi porque tem, a Mafalda, um telemovel. Pensei que talvez estivesse a trabalhar num qualquer projecto megalomano. "Os arquitectos não dormem, minha cara, são como as putas, trabalham noite dentro, e na maior parte das vezes, com fraquíssimas remunerações...". Seja. Abandonei a ideia do cinema-amigo para me concentrar no frequente conceito de serão a dois: Eu e o meu imaculado cigarro.
Fotografia: Pendurada na varanda, menina Júlia via o mundo. Todo ele azul-noite. A tua sombra, Júlia, é preta e em primeiro plano. O fumo deste cigarro faz desenhos estranhos. Balanças as perninhas ao som das pandeiretas de chuva... Chuva nos telhados. Chuva na rua. Chuva nesta cidade de Deus e do Diabo.
Campainha. Descaiu pa' dentro. Correu à sala para abrir a porta. Lembro-me de nesses breves instantes ter pensado quem seria àquela hora, que a campainha tinha um barulho horrível, que podia ser a Mafalda, que a carpete escorregava... Abriu. Nada. Estranho, muito. Olho. Dou dois passos à frente e olho para os dois lados. Estava a pisar alguma coisa, reparou. Um envelope.
Olá.
Bem sei que a carta é um método antiquado, mas a verdade é que me dá muito mais prazer escrever à mão do que abafar a minha sensibilidade poética num teclado ranhoso. Vejo-te na varanda. Fumas muito.


Esa wrote on 5:38 PM.
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Monday, October 30, 2006
Proper Introduction.

Júlia saía da Fnac com os dentes à mostra. Como que incrédula, sacou, orgulhosamente, do novo album de Pearl Jam de dentro do saco. Absorvida, reparou em todos os pormenores do precioso quadrado.

Fotografia: Rua de Santa Catarina [18.03]. Magotes de pessoas na escuridão. Ouvem-se surdas músicas de Natal. Odeio arroz-doce. Há pais e mães com embrulhos. Uma menina tenta apertar os ténis. No meio do reboliço populacional desorganizado, já caiu duas vezes, mas ela sabe e vai aperta-los. Nada me demove. Há luzinhas incoerentes.


Continuei a descer a rua. Inspeccionava, agora, a contra-capa. Ainda bem que não chove. Gosto de Natal frio e sem chuva.Tenho as mãos roxas. É incrível como ainda se fazem compras... Vai ser o primeiro Natal sozinha. Não achava isso triste, apenas diferente. De repente... Tu.

- Ai! Desculpe, desculpe.. - Sustive a respiração. Que tonta, não vejo por onde ando!
- Que tonta, não vês por onde andas?! - Riu-se.
Júlia não achou muita piada. Ficou séria, mas respondeu. Má-educação não é coisa boa.
- Peço imensa desculpa. Vinha colada no CD... Foi um acidente.
- Acidente oportuno, vês! Andava exactamente à tua procura. - Estende-lhe a mão com um pacote que recuperou do saco a tira-colo, uma prenda. Júlia paralisa. - Vamos, pega! É para ti. - Insistiu.
Ela recebeu o pacote suspeito. Olhou-o desconfiada. Olhei para ti, olhei o embrulho, olhei-te novamente...
- Vejo que falar não é bem das tuas actividades preferidas. - Piedade zero do meu angustiante embaraço.
- Depende do tópico. Aliás, depende de muitas coisas. Obrigada pela prenda. - Pensamento branco.
- De nada.- Seco. Olhou o relógio no pulso direito.- Wow, very late, I am!- Só lhe vi o casaco comprido a esvoaçar na retaguarda. Quem és tu?
Júlia estancou. Acho que sei decor todos os paralelos destes dois metros quadrados de chão, mas não te sei a cara. Bem... Não deveria concerteza ser importante. Curioso, interessante, mas, de todo, importante. Reparou no pacote. Tinha congelado a mão como se a prenda fosse parte integrante do corpo. Abriu-o rapidamente. Rasgou-lhe o papel branco e dourado. Umas luvas e uma nota num pedaço de papel pautado.

" Tens as mãos gretadas. Está frio. "


Esa wrote on 4:05 PM.
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Tuesday, October 10, 2006
Sofia.

O que é, para mim, a Filosofia?

Um debate, irremediavelmente inconclusivo, porém deliciosamente estimulante? Uma conversa em nós, ou quiçá, um monólogo com o tudo por ruidosa plateia?
Fotografia: o mestre fala sentado numa sábia cadeira. Gesticula. Tem, invariavelmente, uma pilha de pergaminhos e livros cansados, aos quais, raramente, recorre. Não vês, Sofia, que é absolutamente necessário que Saibas?! Ela observa-o admirada. Ah, é esse espanto! É necessário que saiba que não sei?! É imperativo saber da não sabedoria?! Estou confusa e cada vez mais embriegada. Como? Perguntou ela, perguntei eu. Sorriso de satisfação, um ajuste dos óculos insolentes que teimam em escorregar. Desenhei um tímido ponto de interrogação naquela folha branca de expectativa. Rodei-a. Um outro ponto de interrogação, agora firme e robusto, surge como resposta. Sofia olha-o apreensiva. Arriscou e desenhou outro. É isto afinal? O mestre sorri...


Esa wrote on 3:54 PM.
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Monday, October 09, 2006
Estirador.

Três meses de Inverno, três meses de frio. Aproximadamente noventa noites de cacau, chá quente e lareira. Há na nossa sala tanto de nós.
Fotografias: saltam do baú desarrumadas. Eles a preto e branco, tu, a sépia, linda, cores de sempre, perdidas. Foste tu que complicaste as almofadas, concerteza. Baralhaste-as todas. Atiraste algumas ao chão. Acendeste a lareira só pelo capricho. Agora estendes-te ao comprido na chaise long vermelha e rois uma maça entediada. Ficas sempre assim quando tenho muito trabalho. As poltronas do xadrez ja te viram, hoje, mais do que uma vez, brincar com as pecitas de marfim encardido. Estás insuportavelmente, deliciosamente mimada. Finjo-me compenetrado só para te ter ainda mais desconcertada. Tu sentes. Levantas-te, aproximas-te dois passos, arriscas duas notas passageiras no piano, calcas as teclas com os dedos, mas eu não olho. De repente Piazzola, dás duas piruetas de tango e pegas no xaile que estava nas costas do sofá maior. És agora a melhor bailarina do mundo e ris. Eu vejo-Te. Confesso que nunca a minha camisa nos ficou tão bem.
É tudo tão nosso. Noites quentes-frias daquele sempre nosso Inverno.
Fotografias: vou rasgá-las todas. Apetece-me. Vou deixar aquela que colocaste em cima da lareira, estou bonita. Roubei a tua camisa, fica-me bem. Tu tentas não olhar. Quanto tempo mais aguentarás? Os teus olhos devem estar baços, cegos e brancos, as tuas costas, doridas. Vou trepar por esses riscos e traços até chegar junto à ponta do teu nariz. Vou partir esses óculos que insistes em empurrar periodicamente com o indicador direito ! Vou-me sentar em cima dessa mesa de medos, em cima desses simbolos de papel, até os perderes. Faço caretas. Das-me um beijo? Vou colar chiclet debaixo desta mesa alta e risca-la com marcadores... Ufa.. Anda dançar comigo! De vez em quando, noto-te um olho curioso, que espreita. Pronto, parti as tuas canecas uma por uma no chão, e agora? Gritas comigo. Não gosto quando fazes isso. Vou lá para fora apanhar chuva doente. Vou cronometrar os teus 5 minutos de falso orgulho, até já.
Aquela chavena de cha mudou-nos para sempre, não foi? .... Não creio.


Esa wrote on 2:57 PM.
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Sunday, October 08, 2006
Soledad.

Nasceu. Fotografia: Família Lopez em alvoroço, Soledad era cabeluda (Saía ao pai. Não, não, era concerteza à mãe! À avó?). Havia baratas e cheirava a sangue, houve até quem a limpasse à bata. Cheiro pestilento, pessoas amarelas.
"Era mais uma tequilla, por favor." . Tequillas debruçadas no bar, pernas trémulas, enjoos de solidão, tragos forçados, copos cheios, copos vazios. Do bar à casa-de-banho são três apalpões, uma palmada no rabo, e quatro piropos iguais. Mãos calejadas, cansaço, provavel violação.. A bexiga aguenta.
Um bebé perfeito, de olhar esperto, com fome de mundo e de coisas. Saltou de colo em colo e não havia quem não lhe achasse graça.
Olha em volta, tenta descer a minuscula mini-saia que mal lhe cobre as nadegas, ganha coragem. Três apalpões, uma palmadinha e quatro, quatro piropos iguais. Um corredor.. Um homem apanha-a, joga, por fim, larga-a. Podia finalmente ir à casa-de-banho.
Foi quando entendeu que não sabia. Fotografia: No espelho sou de cabelo negro, forte de ondas, pesado, de cara boa, orgulhosa, seios redondos e espevitados, cinta desenhada... Não me sei sem espelho. Fugiu. Marco, sentado num banco de três pernas no meio da praça. Pintava teu rosto de cabelo negro emoldurado.
Mais Tequilla. Copos partem de tão bebedos. Ha ruido de bolas de bilhar que chocam e fumo de charuto barato. Acendem-se mil cigarros sem tertúlia. Houve dias para isso, é tarde. Ideais vendidos com o corpo. Não ha conversas, so monologos com audiencia. Chora-te a alma.
Marco levou-me nele. Fez-me arte. A arte consome-se até à vulgaridade, pobre de ti. Cheiro a lavanda e fizemos amor na tua rede. Tenho bixinhos a subirem-me pelas pernas... Riso. Fotografia: Marco estava de costas, pintava. Roubo essa tela para que não mais ela te roube de mim. Ha uma pessoa loira na tela. Fugi nua com a tua tela na mão. Rasguei-a em mil. Depois deixaste-me. Morta. Escreveu no Verão, "O sol não era o mesmo".
Mirava-te ha mais de duas horas(ele) , advinhava a tua liga. Quis levar-te a casa, mas tu não o quiseste. Não quero disto. Saíste do bar, finalmente, e sozinha. Tenho três furos nos collans. Gostava de me sentar no teu banco de três pernas, feia, assim. Fazias-me bonita, outra vez..


Esa wrote on 2:49 PM.
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Missiva.

"Aquele marujo que dorme de olhos abertos.. São as pessoas mais perigosas; Nunca sabemos quando é que o seu sonho acaba".
Foi um destes muito estranhos dias... Perdi-Os e não sei aonde.(ah, Ultraje! Que contrasenso antitético.. Como perder algo que nunca se teve verdadeiramente?! Obviamente, tal consideração racional não me ocorreu).Procurei-Os por toda a parte. Dobrei esquinas, esvaziei avenidas.. Nada! Procurei em todos os cantos e divisões de minha casa, de casa deles..Fotografia: Ali estava eu, sentada na berma da nossa estrada cinzenta, estudando desconcentradamente um carreirinho de cómicas formigas (estúpidas formigas!). Há gaivotas e mar atrás de mim. Lá.Vasculhei casas e mundos alheios, pessoas estranhas que não me Sabem nem querem.Na minha algibeira, um papel amarfanhado. Branco. Era Teu. Aquela tua primeira missiva. Oh!Fotografia: Estou sentada nessa cascata de esperança. Aquela que pouca gente conhece e que tu me apresentaste. Sinto uma aragem fresca, leve.. Há flores e cor.Continuo sem saber aonde Estão, mas continuo a minha busca.Uma mão na algibeira e um sorriso ...


Esa wrote on 2:46 PM.
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Há dias.

Há Dias.Há dias como estes... Sinto. Sinto-Te. Sinto-NOS. Oh... Extase! Estou preenchida.Fotografia:Alguém deixou a televisão ligada. Tédio. Doem-me os cotovelos de neles estar apoiada, mas nada disso me interessa! Quero berrar, mas não posso!PORRA, POR ONDE ANDASTE??! Como curar estas insónias histéricas..? Estes arrepios petulantes? Esta ansiedade raivosa?Prende-Me! Quero tanto que me prendas.. Sou Feliz e Sou duplamente Feliz na tua evidência. Ai que inutilidade rebelde esta da espera e da ânsia.. Não sou Sra. do Tempo. Quem dera poder soprar ou engolir minutos..!!! Já seria Quinta a quatro braços. Quinta a dois pares de olhos.. Que inevitável caminho o nosso, não? Do Fado ninguém se livra..Sinto a tua falta apesar de não saber explicar ou definir.. (tão indistinto ainda o desenho). Na minha mente: projectos, esquiços, rascunhos de reacções.. (sentimentos!). Ha partes de mim desorientadas e brutalmente confusas (com que cores te pinto??!).Fotografia:Está frio. Estou nervosa e frenética. Curtas Frases. Televendas.Não, ainda não dormi. Nem durmo sem me prometeres que vais cá estar quando acordar! Sem me prometeres que não desapareces! A expectativa esgana-me.Oxalá Quinta, Tu.. Beijo


Esa wrote on 2:43 PM.
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